domingo, 10 de junho de 2012


Percepção de racismo em Domingos no contexto
Urbano e Rural
Ana Maria de Assis Fazolo[1]
Ana Maria da Silva[2]
A pesquisa exploratória realizada pelas participantes do grupo 3, Ana Maria de Assis Fazolo e Ana Maria da Silva, aborda a temática preconceito racial na visão  dos moradores do município de Domingos Martins. A população escolhida foi em sua maioria frequentadores da Biblioteca Municipal de Domingos Martins e estudantes do Colégio Polivalente. A pesquisa foi realizada utilizando-se questionários semi-estruturados que foram respondidos por 20 pessoas com faixa etária média de 25 anos.
De modo geral, foi observado nesta pesquisa que os jovens estão expostos às situações preconceituosas no ambiente escolar. São comuns as brincadeiras e chacotas com aqueles que estão muito acima ou muito abaixo do peso, com os que têm traços físicos distintos da maioria, enfim, no ambiente escolar a teia de relações construídas nem sempre é harmoniosa.
Foram adotadas algumas categorias utilizadas pelo IBGE, sendo que a amostra foi constituída de 70%de jovens que se autodeclararam pardos; 5% de jovens que se autodeclararam pretos; 25% de jovens que se autodeclararam brancos.
Apesar das leis que tratam o racismo como crime inafiançável, aplicando inclusive penas de reclusão, ainda é bastante expressivo o número de pessoas que dizem já ter presenciado ou sofrido constrangimento em conseqüência de sua raça.
Foram incluídas perguntas no questionário semi-estruturado, com intuito de saber qual a percepção de jovens com relação à temática preconceito racial enfatizando o preconceito de cor, propriamente dito.
Para verificar a compreensão desses jovens com relação a sua raça fizemos a seguinte pergunta: P1 - Como você se considera?  1) Pardo; 2) branco; 3) preto; 4)amarelo; 5) indígena. 70% escolheram a opção (1); 25% escolheram a opção (2); 5 % escolheram a opção (3).
Quanto a ter presenciado alguma tipo de preconceito racial em seu cotidiano, fizemos à pergunta “Você já presenciou alguma cena de discriminação racial”? A grande maioria dos entrevistados comentou que já sofreram discriminação racial tanto no ambiente escolar quanto no local de trabalho e também comunidade em geral.
Digno de nota foi o comentário de uma jovem senhora sobre discriminação racial:
“Eu sou parda, minha mãe é branca e meu pai é negro [...] os meus irmão são clarinhos eu sou mais morena [...] quando fui casar pensei “preta basta eu, vou casar com um alemão”. Foi aí que o meu sogro falou: “lá vem esta negrinha estragar o sangue da nossa família”.
È importante destacar o depoimento de jovem entrevistado que comentou sobre a discriminação no local de trabalho:
“[...] Eu trabalhava numa pousada, quando tinha que realizar alguma tarefa pesada, como subir as escadas com peso esta tarefa era designada para meu colega e eu [...] porque éramos negros. Eles acham que negro é feito para o serviço braçal.”
Além disso, acrescentou ele: “ percebia o racismo no olhar das pessoas”.
De acordo com as respostas à pergunta se já haviam presenciado cenas de preconceito, todos os vinte entrevistados disseram que em algum momento já presenciaram cenas de discriminação racial tanto no trabalho quanto no ambiente escola, podemos perceber que cenas de preconceito são corriqueiras.
Observando as respostas nota-se que em ambos os sexos há uma porcentagem balanceada da percepção de discriminação onde outras pessoas sofreram o ato. Todavia esse percentual é alto, quando se trata de algo que deveria ter sido erradicado do Brasil há muitos anos. Observou-se que essa percepção é maior entre os pardos, pretos sendo menos percebido entre os brancos. A cor é uma variável que interfere na intensidade com que o racismo é percebido.
Em relação à questão se já foi vítima de preconceito racial e onde isso comumente ocorreu os resultados mostram que o percentual de discriminação sofrido pelos entrevistados é alto. E o que mais causa alarde é isso ser tão comum nos ambientes em que esses jovens freqüentam rotineiramente.
A percepção de pardos e pretos sobre racismo é maior que aquela demonstrada pelos brancos porque são eles os que no cotidiano, em suas relações pessoais e sociais, se deparam com vários indícios que os remete a essa temática. Os brancos têm menor percepção do racismo porque não é algo que os afeta diretamente, então imaginam que esse é um problema com pouca relevância atualmente.
Os brasileiros evitam expressar verbalmente a existência do preconceito em suas ações cotidianas, mas a realidade é que o preconceito é um problema presente no Brasil, estando muitas vezes associado ao racismo e discriminação.
O trabalho mostrou que 100% dos jovens pesquisados já presenciou alguma cena de discriminação racial, esse é um dado que só vem corroborar o lamentável quadro de preconceito de raça que ainda é arraigado na nossa sociedade.

[1] Coordenadora do Colégio polivalente. Graduação: Licenciatura Plena em Pedagogia para as séries iniciais do ensino fundamental; Pós-graduação: Gestão Educacional Integrada.
[2] Bibliotecária e estudante de ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário