domingo, 10 de junho de 2012


HISTÓRIA DE DOIS AMORES NEGROS VIVIDOS POR DESCENDENTE EUROPEIA


 ANA MARIA DE ASSIS FAZOLO
Relato de uma senhora de olhos azuis e de pele branca cuja origem e de alemão e italiano, moradora da cidade de Domingos Martins-ES.
A história de Dona Maria (nome ficticio) é de dois amores negros por ela vividos intensamente.
Dona Maria desde cedo dizia à sua mãe que não se casaria com homem branco, pois ela não gostava de sua cor.
Aos quatorze anos casou-se com mulato descendente de negro e índio no qual era tropeiro (fazia barganha de mercadorias). Sua vida foi sofrida devida sua condição social, eram muito pobres, mas isso não os impediu de serem felizes.
Em seu relato ela disse que as pessoas os viam com estranhamento, pois seu casamento aconteceu na década de 1950. Ela disse também que sua religião era a Luterano, porém casou-se na Igreja Católica porque o Pastor negou-se de realizar seu casamento devido o noivo ser mulato.
Aos vinte e quatro anos ficou viúva com seis filhos para criar. Não houve outra alternativa a não ser voltar a morar com seus pais e irmãos, sendo que estes sempre a apoiaram. Teve que ir à luta para ajudar no sustento de seus filhos. Como não teve a oportunidade de estudar o único trabalho que encontrou na época foi de lavadeira, que o realizou por trinta anos.
Dona Maria ficou viúva por cinco anos. Conheceu o Sr. José (nome ficticio) que foi adotado por uma família martinense descendente de alemães, pois seus pais que eram de circo e o abandonou quando por aqui passaram. Seu José não possuia sequer documentos pessoais. Estes só foram adquiridos quando foi servir o exército, sem saber sua idade ao certo. Lá ele chegou a ser sub-tenente, porém sua família adotiva não permitiu que lá ficasse, pois sua mãe estava muito doente.
Em 1964 Dona Maria e o Sr. José casaram-se. A vida deles também foi muito difícil, pois seu José também sobrevivia de sub-emprego e já iniciaram a família com oito pessoas. Entretanto o relacionamento deles perdura por quarenta e oito anos sempre  regado de muito amor, carinho, respeito, afeição, companherismo, amizade e solidariedade.
Com o Sr. José, Dona Maria teve um casal de filhos, sendo que a menina faleceu após um dia de nascimento por falta de recursos médicos que naquela época eram muito escassos.


Dona Maria não é aposentada porque nunca teve sua carteira assinada. Eles sobrevivem com a aposentadoria de seu Marido. Apesar do pouco que ganha nunca negou auxílio financeiro aos seus enteados. No quesito amor, carinho, afeto, respeito seus enteados sempre foram muito bem contemplados e todos nutrem por ele verdadeiro sentimento de pai.

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