terça-feira, 5 de junho de 2012

Mulher é assassinada a facadas pelo próprio marido em Domingos Martins

DOMINGOS MARTINS – O assassinato de uma proprietária rural a golpes de faca abalou a comunidade rural do distrito pomerano de Melgaço, distante 28 quilômetros da sede de Domingos Martins. A vítima fatal é Irene Schöreder, 41 anos. O acusado de cometer o crime é o marido dela, Roberto Santana, 38.
Além de uma perfuração profunda no pescoço, provocada por arma cortante, ela apresentava um afundamento no crânio, provocado por uma pancada forte. Uma equipe da Polícia Civil fará o trabalho de perícia no local do crime e o corpo será encaminhado para o DML de Vitória.
O crime aconteceu por volta das 14 horas deste domingo (25) no quarto do casal. Uma filha de Irene e Rogério, de 14 anos, conforme parentes da vítima, teria presenciado o crime. Ela gritou desesperadamente pedindo socorro aos vizinhos. Quando os moradores chegaram ao local encontraram o casal caído no quarto, que estava banhado por sangue.
Após assassinar a mulher com um golpe de faca no lado direito do pescoço, Roberto Santana simulou um suicídio. Ele usou a mesma faca para fazer um corte no pescoço. Contudo, a lesão foi apenas superficial. O ferimento de Roberto foi suturado pelos médicos Jabes Paiva e Humberto Saleme, plantonistas do     Hospital Doutor Arthur Gerhardt, em Domingos Martins.
O acusado passa bem e está em observação médica. Irene Schöreder e Roberto Santana foram socorridos pelos parentes da cafeicultora e transportados em carros particulares até a unidade hospitalar de Domingos Martins. Irene chegou em estado gravíssimo e morreu quando os médicos ministravam os procedimentos iniciais de socorro.
Segundo o plantonista Jabes Paiva, ela sofreu um corte profundo no pescoço e teve rompimento na artéria carótida. “Ela já chegou em estado de choque e veio a falecer momentos após dar entrada no Pronto Socorro”, disse o médico, argumentando que o homem sofreu um corte superficial.
“Fizemos a sutura e o pusemos em observação por que está muito agitado, mas em relação ao ferimento no pescoço ele está bem. Foi superficial o ferimento de Santana”, disse o médico. A unidade hospitalar entrou em contato com a 6ª Companhia Independente de Polícia Militar.
O homem ferido está sob escolta do sargento Rogério e soldado Medeiros. De acordo com o capitão Marcelo Muniz, a PM permanecerá durante o tempo que for necessário na unidade hospitalar até liberação do preso. “Santana será encaminhado ao DPJ de Cariacica onde deverá ser autuado em flagrante pelo delegado de plantão”.
Parentes da vítima fatal que socorreram o casal estavam indignados com a situação. O agricultor Gilmar Schöreder, sobrinho da agricultora assassinada afirmou que Roberto bebia e maltratava da família. “ Ele esteve preso há poucas semanas por ter tentado contra a vida da própria filha”.
Roberto, conforme Gilmar enlouquecia quando estava bêbado. “Hoje ele conseguiu trazer tristeza e infelicidade para toda a comunidade de Melgaço que gostava muito de Irene, vamos sentir muita falta desta companheira e trabalhadora”.
Para outra parente da vítima Dolinha Schröder, Roberto Santana, pôs fim à vida de uma das mulheres mais trabalhadoras da região de Melgaço. “Ela cuidava de dez mil pés de café, capinava, adubava, colhia e e comercializava. Além disso, Irene trabalhava como meeira em propriedades com cafezais de vizinhos. Era uma máquina de trabalhar. Este homem não poderia ter feito isso com ela"
Por que a mulher não conta o que está acontecendo?
Existem diversas explicações pelas quais uma mulher não conta os episódios de violência. Eis alguns exemplos:
• Ela sente-se envergonhada ou humilhada.
• Ela sente-se culpada pela violência.
• Tem medo de ser culpada pela violência.
• Teme pela sua segurança pessoal e pela segurança de seus filhos e filhas.
• Teve más experiências no passado quando contou sua situação.
• Sente que não tem controle sobre o que acontece na sua vida.
• Espera que o agressor mude como ele prometeu.
• Crê que suas lesões e problemas não são importantes.
• Quer proteger seu companheiro por razões de dependência econômica ou afetiva.
• Tem medo de perder seus filhos e filhas.
• O agressor a acompanha ao serviço e não a deixa só com os profissionais

Por que o pessoal de saúde não pergunta?
Muitas crenças e mitos ainda persistem e dificultam falar de violência com as usuárias, como acreditar que:
• As mulheres merecem ou pedem o abuso, e que gostam de ser agredidas, senão não ficariam com o agressor.
• Acreditam que a violência doméstica é um problema social ou legal, mas não um problema de saúde pública.
• Não saberiam o que fazer se uma mulher lhes contasse sobre suas experiências de violência e por isto tem medo de perguntar.
• A violência é um problema pessoal e privado, e os profissionais não tem o direito de intrometer-se neste tipo de assunto.
• As mulheres podem sentir-se ofendidas se perguntarem diretamente sobre violência.
• A violência doméstica não acontece entre mulheres profissionais ou famílias com maior poder aquisitivo.
• A pressão para atender muitas pessoas por turno não lhes permite mencionar a violência.
• Os próprios profissionais sofrem /sofreram ou cometem /cometeram violência doméstica, ou conhecem casos com seus familiares e esta proximidade dificulta a ação.
• Podem conhecer pessoalmente o agressor ou membros de sua família e assim sentirem-se constrangidos em abordar o tema.
• Têm medo de represálias por parte do agressor.


REFERÊNCIA BIBLIOGÁFICA:


Mulher é assassinada a facadas pelo próprio marido em Domingos Martins. Folha Vitória, Vitória, 25 out. 2009.

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